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quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Exatos 25 anos após o fim do Cosmos, Capita recorda: ‘Era uma época gostosa...’



Uma ascensão meteórica, um tempo de carreira menor do que o de muitos jogadores profissionais, mas foram 14 anos que entraram para a história. Esse foi o New York Cosmos, time americano de algumas das maiores estrelas do futebol mundial, como Pelé, Franz Beckenbauer, Romerito, Carlos Alberto Torres, e outras mais. Nesta terça-feira completam-se 25 anos do encerramento das atividades no clube.
O Cosmos foi um time com uma história particular e no mínimo curiosa. Toda a sua grandeza era proveniente dos investimentos da poderosa gravadora americana Warner, do empresário Steve Ross. De olho em maiores lucros, ele apostou na criação de uma equipe que disputasse a recém criada North American Soccer League (NASL).
A primeira partida do clube foi disputada em 17 de abril de 1971, contra o Saint Louis Stars, com vitória do Cosmos por 2 a 1. Quatro anos mais tarde, chegaria ao clube ninguém mais, ninguém menos que Pelé. Após sua saída, foi a vez de Carlos Alberto Torres assinar o contrato.
A leve risada como a de quem recebe uma grata surpresa, ao ser lembrado pela reportagem do GLOBOESPORTE.COM sobre o aniversário de “morte” do Cosmos, trouxe ao capitão do Tricampeonato Mundial da seleção brasileira em 1970 as recordações de uma época especial.
Era uma época gostosa de Nova York. Foi o “boom” do futebol, da música, das discotecas"
- Foi um momento muito interessante do futebol nos Estados Unidos. A tentativa de levantar o campeonato com a ida do Pelé e depois de outros grandes nomes foi muito legal. E isso fez o futebol lá se tornar uma realidade. A média de público era extraordinária, outros clubes também tentavam montar grandes times, mas não tinham o poder econômico do Cosmos. Teve uma época que o Los Angeles Wolves levou o Cruijff e mais grandes jogadores da Holanda. Muita gente do Brasil ia para lá. O Beckenbauer costuma dizer, e eu concordo, que foi uma das melhores fases das nossas carreiras – contou. E a média de público a que Carlos Alberto Torres se refere era realmente impressionante para um país que, até então, não se importava tanto com o futebol. Em 1979, ano em que o Cosmos perdeu a chance de conquistar o tricampeonato seguido, o time de Nova York levou ao estádio 46.690 torcedores, o maior número de sua história. Em 1977, último ano em que Pelé jogou na equipe, foram 34.412 fãs de média.
As cores iniciais do Cosmos eram verde e amarela, em homenagem ao uniforme da seleção brasileira em 1970. Em 1974, a camisa mudou para o branco predominante com detalhes em verde, ficando assim até 1979. Mesmo não tendo vestido o uniforme que lembrava o time que o consagrou no México, Capita não sente que tenha “faltado alguma coisa”. E ainda faz uma sugestão.Carlos Alberto Torres, ex-jogador do Cosmos
- O Cosmos já tinha o todo branco, talvez até inspirado no Santos, do Pelé. Era um uniforme muito bonito, simples e que eu gostava bastante – disse.
Carlos Alberto Torres jogou no New York Cosmos de 1977 a 1982. Neste período, o clube conquistou quatro títulos da Liga Americana (1977, 1978, 1980 e 1982). Em 1972, já havia ganhado o primeiro de seus cinco troféus. O ex-jogador revelou detalhes para a decadência do futebol nos Estados Unidos.
- O que pouca gente sabe é que, o que levou ao final da NASL foi o fato de os Estados Unidos não terem sido escolhidos como sede para a Copa de 86. Lembro que foi a Colômbia a primeira opção, mas alegando problemas, desistiu. Tudo o que foi planejado para 94 já estava pronto para 86. Eles estavam certos de que levariam. Tinham até um projeto de que, se fossem eleitos, seriam contratados os 26 melhores jogadores do mundo para jogar no país. Tenho certeza de que, assim, se tornaria o maior mercado do mundo. Naquela época, todo mundo queria jogar lá.
Capita contou que o empresário do Cosmos ficou extremamente abalado com a notícia. Segundo ele, foi aí que pararam os investimentos na Liga.
- O Steve Ross, que era um cara muito legal, que adorava futebol, ficou tão decepcionado que disse “acabou o futebol nos Estados Unidos”. Foi ele o responsável pela ida do Pelé, do Beckenbauer, de todos os grandes. Sempre que saía um craque, para manter o nível, contratavam pelo menos dois suficientes para encher o estádio. Mas no ano seguinte que eu saí, não entrou mais ninguém e o time começou a ficar muito normal. No último ano, a média de público chegou a cair para 1.500 por partida. E o torcedor americano gosta de ver ídolo – explicou.
O Cosmos, em seus 14 anos, contou com os melhores jogadores do mundo na época, como o Rei Pelé
Sem poder deixar de comentar os tempos atuais do futebol na terra do Tio Sam, Capita foi enfático.
- Se ficar apenas no Beckham, não vai dar certo. Tem que levar craques, tem que ser um grande jogador para animar os americanos. É isso que dá o sucesso no país – afirmou.
Em seus 14 anos de existência, o Cosmos disputou 359 partidas na NASL (221 vitórias, 18 empates e 120 derrotas), tendo sido marcados 844 gols e 569 sofridos.
Fontes: Agências

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