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terça-feira, 30 de dezembro de 2008

A resistência da folia


A festa e alegria são grandes quando a Companhia Folia de Reis Unidos com Fé chega na casa com suas cantorias, instrumentos, roupas e acessórios coloridos. Mas, poucos imaginam a dificuldade que é manter um grupo depois de mais de 40 anos de dedicação à tradição religiosa católica sobre os Três Reis Magos. “Tem sido bem difícil. Tem gente que desanima pelas caminhadas que fazemos”, lamenta o pedreiro, violeiro e coordenador do grupo Gabriel Arcanjo Viana, 72 anos. Entre a véspera do Natal até o dia 7 de janeiro, o grupo deve fazer mais de 200 apresentações em diversos bairros de Maringá. “Mas, nós trabalhamos com muita fé, amor e temos o compromisso de assumir e manter a tradição viva”.O grupo maringaense de Folia de Reis conta hoje com 12 membros fixos e chega a ter aproximadamente 15 participantes nas apresentações dos finais de semana, quando há folga dos que trabalham. Mesmo com o intenso calor que faz em Maringá, eles não desanimam. Tomam um reforçado lanche no início da tarde e saem caminhando para visitar uma média de 20 casas pelos bairros maringaenses diariamente, levando a bandeira colorida na frente decorada com fitas, flores e uma imagem da manjedoura. Tudo embalado por melodias que falam da alegria de encontrar o Menino Jesus tocadas por violões, violas, banjos, bumbos, pandeiros, sanfonas, triângulos, entre outros instrumentos. Todo o esforço acaba recompensando quem participa ou recebe o grupo. “Quando a bandeira passa na nossa casa é uma alegria muito grande e a gente percebe que o ano passa melhor pra gente”, acredita o motorista Nelson Trovó Gonçalves, 63 anos, que recepcionou a companhia na tarde de ontem em sua casa no Jardim Alvorada e também saiu com eles tocando violão e cantando.Ele, há sete anos, resgata uma tradição familiar que começou com o avô, passou para o pai e que agora ele colabora com felicidade. Para manter essa tradição, há o esforço de manter antigos parceiros como Valdemar Batiscioto, 76 anos, um dos cantores que brinca dizendo que enquanto agüentar andar, estará com o grupo.E também influencia as crianças e os jovens como Gabriel Arcanjo Viana Neto, 9 anos, que é um dos palhaços no grupo. OrigemA Folia de Reis surgiu em Portugal no século XVII como celebração do nascimento de Jesus e chegou ao Brasil pela Bahia, através dos colonizadores portugueses.Segundo dados da Secretaria de Cultura de Maringá, a tradição começou na cidade na década de 50 e teve seu auge na década de 60 com seis grupos atuantes. A secretaria colabora com material de divulgação com o objetivo de ajudar a perpetuar a ligação que o grupo possui com aspectos históricos da cidade, como a religião. A Festa dos Santos Reis, celebração que fazem após o período da Folia, está agendada para acontecer em Maringá no dia 17 de janeiro, na Paróquia Sagrado Coração de Jesus, na Avenida São Domingos, onde há reunião dos familiares, pessoas que receberam a companhia e da comunidade que participam de um jantar preparado com os alimentos arrecadados durante as visitas do grupo. A Companhia Folia de Reis Unidos com Fé também tem programado apresentações em dois eventos paranaenses do gênero: um no final de janeiro em Sarandi e outro em 15 de fevereiro em Campo Mourão.

Fonte: O Diário do Norte do Paraná

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