A antropóloga Ruth Cardoso tinha luz própria. Ela foi um dos primeiros acadêmicos brasileiros a perceber a emergência dos movimentos sociais que abrigavam diversidades - como os feministas, étnico-raciais e de orientação sexual.
Até a década de 70, a academia considerava que esses movimentos não tinham status para merecer a atenção da universidade, mas Ruth já os chamava de “novos movimentos sociais”, conta a antropóloga Jacira Melo, aluna dela na USP nos anos 70.Ela marcaria a sua carreira acadêmica pela inovação. Em meados da década de 50, quando o tema ainda era muito árido e distante, ela estudou a imigração japonesa para São Paulo, lembra o ex-ministro da Cultura Francisco Weffort, e a transformou em tese universitária. Depois do golpe de 1964 enfrentou o exílio ao lado do marido: no Chile, enquanto Fernando Henrique trabalhava na Comissão Econômica para a América Latina (Cepal), ela foi professora da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso), que recebia alunos de muitos países. Depois foram para a França e, de volta ao Brasil, fundaram o Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), que marcaria a pesquisa social no Brasil.No início dos anos 80, enquanto Fernando Henrique se envolvia na aventura política que o levaria ao Senado e mais tarde à Presidência da República, Ruth se aprofundou na vida acadêmica. No Cebrap, num tempo em que poucos perceberam a emergência dos movimentos sociais, ela montou uma primeira equipe para pesquisá-los, quando as organizações não-governamentais ainda eram desconhecidas. Depois diria que desde os anos 70, em plenos anos de chumbo, já percebia os sinais da construção de uma sociedade participativa no Brasil.Ainda na fase de transição para a montagem do governo FHC, ela concebeu a criação do programa Comunidade Solidária. Separou como ninguém o público e o privado: só os amigos antigos tinham livre trânsito na residência presidencial, conta o ex-secretário da Presidência, Eduardo Jorge. Ao mesmo tempo, revelou-se como o lado franco e progressista do governo. Quando alguém lhe perguntou sobre o então senador Antonio Carlos Magalhães, disse, sem meias medidas, que o PFL tinha dois lados e ACM era o lado ruim. Com a declaração, criou um contencioso que custou a ser resolvido pelo marido. O então ministro José Serra dizia que recebia ordens dela, mas não de FHC.Vanguarda, eles já eram há muito tempo. Quando os filósofos Jean Paul Sartre e sua mulher Simone de Beauvoir vieram a São Paulo, em 1960, na primeira fila do auditório acadêmico que os ouvia estava um casal marcante de professores da USP - Fernando Henrique e Ruth Cardoso. Nascida em Araraquara, ela e Fernando Henrique se conheceram na USP e se casaram em 1953. Apesar de sua aversão à prática política - “Partido não é comigo”, disse uma vez, segundo registrou sua amiga Fátima Pacheco Jordão -, foi uma das principais conselheiras do marido, enquanto Fernando Henrique esteve no governo. Era doutora pela USP e pós-doutora pela Universidade de Columbia, nos EUA. Presidiu o conselho assessor do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) sobre Mulher e Desenvolvimento e integrou a junta diretiva da Comissão da OIT (Organização Internacional do Trabalho) sobre as Dimensões Sociais da Globalização.
Até a década de 70, a academia considerava que esses movimentos não tinham status para merecer a atenção da universidade, mas Ruth já os chamava de “novos movimentos sociais”, conta a antropóloga Jacira Melo, aluna dela na USP nos anos 70.Ela marcaria a sua carreira acadêmica pela inovação. Em meados da década de 50, quando o tema ainda era muito árido e distante, ela estudou a imigração japonesa para São Paulo, lembra o ex-ministro da Cultura Francisco Weffort, e a transformou em tese universitária. Depois do golpe de 1964 enfrentou o exílio ao lado do marido: no Chile, enquanto Fernando Henrique trabalhava na Comissão Econômica para a América Latina (Cepal), ela foi professora da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso), que recebia alunos de muitos países. Depois foram para a França e, de volta ao Brasil, fundaram o Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), que marcaria a pesquisa social no Brasil.No início dos anos 80, enquanto Fernando Henrique se envolvia na aventura política que o levaria ao Senado e mais tarde à Presidência da República, Ruth se aprofundou na vida acadêmica. No Cebrap, num tempo em que poucos perceberam a emergência dos movimentos sociais, ela montou uma primeira equipe para pesquisá-los, quando as organizações não-governamentais ainda eram desconhecidas. Depois diria que desde os anos 70, em plenos anos de chumbo, já percebia os sinais da construção de uma sociedade participativa no Brasil.Ainda na fase de transição para a montagem do governo FHC, ela concebeu a criação do programa Comunidade Solidária. Separou como ninguém o público e o privado: só os amigos antigos tinham livre trânsito na residência presidencial, conta o ex-secretário da Presidência, Eduardo Jorge. Ao mesmo tempo, revelou-se como o lado franco e progressista do governo. Quando alguém lhe perguntou sobre o então senador Antonio Carlos Magalhães, disse, sem meias medidas, que o PFL tinha dois lados e ACM era o lado ruim. Com a declaração, criou um contencioso que custou a ser resolvido pelo marido. O então ministro José Serra dizia que recebia ordens dela, mas não de FHC.Vanguarda, eles já eram há muito tempo. Quando os filósofos Jean Paul Sartre e sua mulher Simone de Beauvoir vieram a São Paulo, em 1960, na primeira fila do auditório acadêmico que os ouvia estava um casal marcante de professores da USP - Fernando Henrique e Ruth Cardoso. Nascida em Araraquara, ela e Fernando Henrique se conheceram na USP e se casaram em 1953. Apesar de sua aversão à prática política - “Partido não é comigo”, disse uma vez, segundo registrou sua amiga Fátima Pacheco Jordão -, foi uma das principais conselheiras do marido, enquanto Fernando Henrique esteve no governo. Era doutora pela USP e pós-doutora pela Universidade de Columbia, nos EUA. Presidiu o conselho assessor do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) sobre Mulher e Desenvolvimento e integrou a junta diretiva da Comissão da OIT (Organização Internacional do Trabalho) sobre as Dimensões Sociais da Globalização.
Políticos lamentaram na noite desta terça-feira a morte da ex-primeira-dama Ruth Cardoso, mulher do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. A ex-primeira-dama morreu hoje no apartamento que morava em São Paulo, aos 77 anos, após desmaiar. Fernando Henrique estava em casa.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva divulgou nota na qual diz que recebeu a notícia da morte da ex-primeira-dama com "surpresa" e "pesar". Na nota, o presidente pede que Deus conforte o coração do "amigo" Fernando Henrique.
Confira a repercussão da morte da ex-primeira-dama:
Governador de São Paulo, José Serra (PSDB) - "A Ruth era uma pessoa muito especial, para sua família, para seus amigos, para nosso país. Um exemplo de dignidade, delicadeza, inteligência e carinho pelas pessoas. É uma dor imensa a que sinto nesse momento. Nossa, como vai fazer falta..."
Governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB) - "Com profundo pesar recebi a notícia do falecimento de dona Ruth Cardoso a quem sempre admirei. Dona Ruth é referência não apenas de um partido ou de um governo. É uma mulher do Brasil. É nessa dimensão maior, histórica e afetiva, que ela deve ser lembrada, reconhecida e respeitada por todos nós."
Ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB) - "O Brasil perdeu uma grande mulher, uma de suas melhores reservas morais. Dona Ruth deixa-nos bons exemplos, tanto na vida acadêmica, como antropóloga e professora, quanto na vida pública, onde demonstrou extrema sensibilidade social, ao fundar o Comunidade Solidária no governo do presidente Fernando Henrique, para cuidar das pessoas mais necessitadas do nosso país. Foi uma grande companheira de partido, de posições progressistas, que freqüentemente nos inspirava."
Prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM) - "Dona Ruth significou sempre para todos os que a conheceram um exemplo da mulher contemporânea, capaz de conciliar uma intensa atividade pública como intelectual, pesquisadora e docente a uma vida familiar que era um exemplo de austeridade, retidão e grandeza. Depois de muitas décadas ensinando gerações de estudiosos das ciências sociais no Brasil, como primeira-dama, ela encontrou energia para criar a Comunidade Solidária, um projeto importantíssimo que se enraizou no país e que será uma herança genuína e duradoura ao lado de sua importante obra acadêmica. A seus familiares, expresso a solidariedade de todos os paulistanos neste momento de dor".
Presidente nacional do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP) - "O Partido dos Trabalhadores manifesta seu pesar pelo falecimento da ex-primeira-dama do Brasil dona Ruth Cardoso. Tanto na vida pública quanto na acadêmica, dona Ruth sempre se destacou por seu compromisso democrático, sua independência intelectual e seu espírito de solidariedade, características dos que acreditam na construção de um mundo mais justo e menos desigual."
Presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), ministro Carlos Ayres Britto - "Todo o Brasil lamenta a morte da professora Ruth Cardoso, que se notabilizou pelo seu alto saber como antropóloga, pela sua cidadania ativa e como uma pessoa de finíssimo trato", disse o ministro.
Presidente da Assembléia Legislativa de São Paulo, Vaz de Lima (PSDB) - "Em toda a sua vida, Ruth Cardoso foi um exemplo de seriedade intelectual, moral e política. Produziu uma vasta e fundamental obra para a compreensão da realidade brasileira em suas diversas dimensões. Levou para a vida pública uma inabalável determinação para encontrar e construir caminhos para superar os graves problemas sociais de nosso país."
Senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) - "Recebi profundamente consternado a notícia da partida de dona Ruth Cardoso. Intelectual de renome internacional, dona Ruth idealizou, organizou e implantou o Comunidade Solidária, base de toda a rede de proteção social germinada já no primeiro governo do PSDB. O partido, de quem ela era um esteio moral e intelectual, o Brasil em especial os menos favorecidos devem muito a dona Ruth, que dedicou sua vida ao estudo dos nossos problemas sociais e levou esse conhecimento à prática, ajudando a milhões de brasileiros."
Líder do PSDB na Câmara, deputado José Aníbal (SP) - "A dona Ruth foi a maior ativista do programa de inclusão social do Brasil. Ela mobilizou a sociedade e o governo para a emancipação da nossa gente."
Líder do PSDB no Senado, senador Arthur Virgílio (AM) - "Uma grande amiga, uma grande companheira, fundadora do PSDB, verdadeira consciência crítica da gente. Foi uma mulher extraordinária, de muita fibra e a construtora de todo esse arcabouço de programas sociais que o Brasil desfruta hoje". Segundo ele. Ruth talvez tenha sido "a [primeira-dama] mais ativa politicamente pelo seu passado, a sua militância, por sua cultura, por tudo que representava".
Presidente da Câmara dos Deputados, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP) - "A Câmara dos Deputados manifesta profundo pesar pelo falecimento da ex-primeira-dama Ruth Cardoso. Intelectual destacada, dona Ruth ocupou papel de relevo no governo federal, na condução de programas sociais, quando da Presidência de seu marido, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Ao presidente Fernando Henrique e sua família nossas condolências pela perda irreparável."
Governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius (PSDB) - "Ela era uma mulher absolutamente especial, e é muito duro falar dela neste momento, diante de tanta dor. Ruth era uma mulher corajosa, ativa, atuante e deu enorme contribuição para a antropologia, a sociologia e para a questão feminista no Brasil e no mundo."
Agências
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva divulgou nota na qual diz que recebeu a notícia da morte da ex-primeira-dama com "surpresa" e "pesar". Na nota, o presidente pede que Deus conforte o coração do "amigo" Fernando Henrique.
Confira a repercussão da morte da ex-primeira-dama:
Governador de São Paulo, José Serra (PSDB) - "A Ruth era uma pessoa muito especial, para sua família, para seus amigos, para nosso país. Um exemplo de dignidade, delicadeza, inteligência e carinho pelas pessoas. É uma dor imensa a que sinto nesse momento. Nossa, como vai fazer falta..."
Governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB) - "Com profundo pesar recebi a notícia do falecimento de dona Ruth Cardoso a quem sempre admirei. Dona Ruth é referência não apenas de um partido ou de um governo. É uma mulher do Brasil. É nessa dimensão maior, histórica e afetiva, que ela deve ser lembrada, reconhecida e respeitada por todos nós."
Ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB) - "O Brasil perdeu uma grande mulher, uma de suas melhores reservas morais. Dona Ruth deixa-nos bons exemplos, tanto na vida acadêmica, como antropóloga e professora, quanto na vida pública, onde demonstrou extrema sensibilidade social, ao fundar o Comunidade Solidária no governo do presidente Fernando Henrique, para cuidar das pessoas mais necessitadas do nosso país. Foi uma grande companheira de partido, de posições progressistas, que freqüentemente nos inspirava."
Prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM) - "Dona Ruth significou sempre para todos os que a conheceram um exemplo da mulher contemporânea, capaz de conciliar uma intensa atividade pública como intelectual, pesquisadora e docente a uma vida familiar que era um exemplo de austeridade, retidão e grandeza. Depois de muitas décadas ensinando gerações de estudiosos das ciências sociais no Brasil, como primeira-dama, ela encontrou energia para criar a Comunidade Solidária, um projeto importantíssimo que se enraizou no país e que será uma herança genuína e duradoura ao lado de sua importante obra acadêmica. A seus familiares, expresso a solidariedade de todos os paulistanos neste momento de dor".
Presidente nacional do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP) - "O Partido dos Trabalhadores manifesta seu pesar pelo falecimento da ex-primeira-dama do Brasil dona Ruth Cardoso. Tanto na vida pública quanto na acadêmica, dona Ruth sempre se destacou por seu compromisso democrático, sua independência intelectual e seu espírito de solidariedade, características dos que acreditam na construção de um mundo mais justo e menos desigual."
Presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), ministro Carlos Ayres Britto - "Todo o Brasil lamenta a morte da professora Ruth Cardoso, que se notabilizou pelo seu alto saber como antropóloga, pela sua cidadania ativa e como uma pessoa de finíssimo trato", disse o ministro.
Presidente da Assembléia Legislativa de São Paulo, Vaz de Lima (PSDB) - "Em toda a sua vida, Ruth Cardoso foi um exemplo de seriedade intelectual, moral e política. Produziu uma vasta e fundamental obra para a compreensão da realidade brasileira em suas diversas dimensões. Levou para a vida pública uma inabalável determinação para encontrar e construir caminhos para superar os graves problemas sociais de nosso país."
Senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) - "Recebi profundamente consternado a notícia da partida de dona Ruth Cardoso. Intelectual de renome internacional, dona Ruth idealizou, organizou e implantou o Comunidade Solidária, base de toda a rede de proteção social germinada já no primeiro governo do PSDB. O partido, de quem ela era um esteio moral e intelectual, o Brasil em especial os menos favorecidos devem muito a dona Ruth, que dedicou sua vida ao estudo dos nossos problemas sociais e levou esse conhecimento à prática, ajudando a milhões de brasileiros."
Líder do PSDB na Câmara, deputado José Aníbal (SP) - "A dona Ruth foi a maior ativista do programa de inclusão social do Brasil. Ela mobilizou a sociedade e o governo para a emancipação da nossa gente."
Líder do PSDB no Senado, senador Arthur Virgílio (AM) - "Uma grande amiga, uma grande companheira, fundadora do PSDB, verdadeira consciência crítica da gente. Foi uma mulher extraordinária, de muita fibra e a construtora de todo esse arcabouço de programas sociais que o Brasil desfruta hoje". Segundo ele. Ruth talvez tenha sido "a [primeira-dama] mais ativa politicamente pelo seu passado, a sua militância, por sua cultura, por tudo que representava".
Presidente da Câmara dos Deputados, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP) - "A Câmara dos Deputados manifesta profundo pesar pelo falecimento da ex-primeira-dama Ruth Cardoso. Intelectual destacada, dona Ruth ocupou papel de relevo no governo federal, na condução de programas sociais, quando da Presidência de seu marido, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Ao presidente Fernando Henrique e sua família nossas condolências pela perda irreparável."
Governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius (PSDB) - "Ela era uma mulher absolutamente especial, e é muito duro falar dela neste momento, diante de tanta dor. Ruth era uma mulher corajosa, ativa, atuante e deu enorme contribuição para a antropologia, a sociologia e para a questão feminista no Brasil e no mundo."
Agências
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