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quinta-feira, 2 de abril de 2009

Suspeito passa 21 horas refugiado em escritório


Um suspeito de envolvimento em uma série de assaltos refugiado dentro de um escritório, o esforço da polícia para prendê--lo e o empenho do advogado para evitar a invasão de sua sala protagonizaram cenas que movimentaram um quarteirão da Rua Néo Alves Martins, no Centro de Maringá, por mais de 20 horas.A movimentação, que começou por volta das 13h30 de terça-feira, só acabou ontem às 10h20, quando o suspeito decidiu se entregar à polícia. A rendição só aconteceu após a intervenção da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). O desfecho foi acompanhado por câmeras de televisão, fotógrafos, emissoras de rádio transmitindo ao vivo, repórteres de jornais e dezenas de curiosos se acotovelando na calçada.Tudo começou quando o comerciante Adilson Alves Cardoso, de 33 anos, proprietário de um ferro-velho em Paiçandu, procurou o escritório do advogado Ezaquel Elpídio dos Santos, no terceiro andar do Edifício Estoril, na Rua Néo Alves Martins, a poucos metros do cruzamento com a Avenida Getúlio Vargas.Ele buscava orientação por saber que estava com a prisão decretada pela Justiça. Tão logo entrou no escritório, dois investigadores da Polícia Civil tentaram prendê-lo, mas foram impedidos pelo advogado.“Expliquei que ele só tinha dois motivos para sair daqui: ou pela vontade própria ou por força judicial”, conta o doutor Ezaquel, que em 20 anos na profissão nunca viveu cena semelhante.As tentativas de negociação foram inúteis. Cardoso passou toda a tarde da terça-feira, alí mesmo jantou e ainda recebeu do avogado um cobertor para passar a noite.“Eu não poderia sair empurrando ele (o cliente) para fora da sala, pela minha formação cristã e humanitária. Eu teria que protegê-lo, tendo consciência que meu escritório é inviolável”, comentou Ezaquel . Durante a noite, policiais batiam na porta e o procurado telefonava para a casa do advogado. A manhã mal-dormida começou no mesmo ritmo, só que aí já tinha chamado a atenção do público e da imprensa.InvestigaçõesAs investigações que levaram à prisão de Cardoso começaram a um mês, na tentativa de prender membros de uma quadrilha responsável por furtos de cargas e assaltos a empresas e residências em cidades da região. As investigações levaram a um confronto de policiais e supostos quadrilheiros entre Paiçandu e o distrito de Água Boa, na quinta-feira passada, quando três suspeitos foram mortos e outros quatro acabaram presos. A polícia chegou à conclusão que Almir Cardoso era quem guardava os produtos roubados pela quadrilha e as armas usadas nos assaltos , e pediu sua prisão.“É um caso sui-generis (único)” disse o presidente da OAB, Cesar Moreno. Ele explica que o escritório de um advogado é inviolável, mas só quanto aos documentos. Foi necessário que a Comissão de Prerrogativas da OAB interviesse para convencer Cardoso a se entregar, já que existia um mandado de prisão e ele não tinha alternativa. Após ser tranqüilizado pela comissão e ter assegurados seus direitos,ele se entregou.
Fonte: O Diário do Norte do Paraná

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